6 de out. de 2015

O jogador Heleno de Freitas e A Crônica Radiofônica Esportiva

As reportagens esportivas acerca do futebol eram diferenciadas do que a gente acompanha na atualidade. Na década de 1940 havia um craque polêmico chamado Heleno de Freitas.
Não havia assessorias, jogadores sendo entrevistados com respostas ditas prontas e nem restrições com relação aos espaços de anúncios nos jornais. Às vezes o resultado de um certame aparecia, no máximo, escondido no pé da matéria.

No livro "Nunca Houve um Homem como Heleno", -sobre o craque nascido São João de Nepopomuceno, em Mina Gerais, e que defendeu o Botafogo e o América carioca, nos anos 1940 e 1950,- o autor Marcos Eduardo Neves, cada estádio havia um lugar apropriado para acomodar os speakers.

Em General Severiano, os narradores se ajeitavam em cabines coladas entre duas torres, na pista, tendo uma visão diagonal, quase que do corner.

Na Gávea(campo do Flamengo), também ao nível do gramado, havia uma espécie de cabine coletiva na lateral próxima à arquibancada, onde todos se aglomeravam para poder transmitir uma partida. Nas laranjeiras(campo do Fluminense), os radialistas subiam em cadeiras especiais. Lá do alto, inseguros, porém com visão privilegiada, irradiavam os matchs. Já em São Januário(campo do Vasco da Gama, era nas sociais), onde se sentam hoje os sócios proprietários, que se realizavam as pelejas radiofônicas.

Em um Botafogo e Madureira, cuja maior atração era o retorno de Heleno de Freitas aos estádios, estavam no campo do Vasco(o maior até a construção do Maracanã, em 1950), os radialistas Oduvaldo Cozzi e Gagliano Neto estavam preparados para irradiarem esta transmissão.

Havia uma diferença entre a narração entre Cozzi e Gagliano. Cozzi, era conhecido entre os colegas como Professor, por possuir uma narração clara e de fácil compreensão perante aos ouvintes, que numa roda de conversa entre as pessoas, em menos de 30 dias caía na "boca do povo".

"-Im-pe-di-do"- mandava assim que o bandeira pegasse seu instrumento de trabalho.

"-Pu-niu o juiz!" - se acontecesse alguma falta desleal.

Cozzi criava também expressões que caíam no gosto popular, como "Tapete Verde" e "Patina na Jogada".

Já Gagliano Neto, por sua vez, era impecável quando abria as transmissões. Tinha sempre na ponta da língua frases de efeito.

"-Céu totalmente azul nesta tarde em São Januário..."

E foi exatamente desta forma que o locutor se comunicou pela primeira vez naquele dia 13 de maio, momentos antes de o Botafogo partir em disparada do vestiário.

O humor dos torcedores é que não ficaria amistoso..








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